Daniel Comboni, profeta apaixonado por Cristo e pela África, adverte a urgência de integrar a mulher na missão evangelizadora da Igreja, que constitui um elemento essencial e indispensável para a difusão da fé na África Central.
Consciente da importância da presença feminina proclamava já no século XIX, que, este é o século da mulher católica da qual a Providência se serve como de verdadeiros sacerdotes… Elas são o braço do ministério evangélico, colunas da missão estrangeira….
Por isso Daniel Comboni procura, e encontra as suas companheiras e colaboradoras missionárias, elas são chamadas por Deus a serem com ele as protagonistas duma missão sem fronteiras.
Piedosas Mães da África
Este foi o nome que Daniel Comboni deu às suas irmãs contemplando as Mulheres do Evangelho que acompanhavam Jesus no seu ministério de misericórdia e de serviço a favor nos seus irmãos mais pobres e necessitados, que neste contexto eram os africanos.
Portanto, Daniel Comboni traçou o perfil das suas missionárias com algumas caraterísticas indispensáveis:
Mulheres compassivas, generosas, disponíveis a partilhar as alegrias e os sofrimentos do povo para construírem a paz, a fraternidade, a justiça e a liberdade.
Mulheres santas e capazes, cheias de amor por Deus e pelos africanos, mulheres autênticas com capacidade de adaptação e de aprendizagem.
Mulheres dignas e conscientes da própria tarefa, confiantes no presente e no futuro sabendo que a missão que lhes foi confiada é Obra de Deus.
Piedosas sim, porque elas foram capazes de transformar-se e de transformar o meio onde viveram por amor Àquele que as chamou a serem discípulas e mães, geradoras de Vida participando em cheio ao Mistério de Cristo Crucificado e Ressuscitado.
Como conhecedor dos povos africanos, Comboni afirmava também que a libertação da África depende quase totalmente da mulher africana. Por isso ninguém como a mulher consagrada, poderá compreender a mulher africana e a sua cultura para trabalharem juntas na grande Obra de Deus através do Plano, salvando a África por meio dos africanos.
O sonho de Comboni iniciou-se em Verona-Itália em 1872, onde nasceu e se desenvolveu o Instituto feminino dando os seus primeiros frutos.
Em 1877, na sua sétima viagem para a África o Fundador levou consigo as suas primeiras cinco Mães dos Negros, elas são: Teresa, Giuseppa, Marietta, Concetta, e Vittoria.
Elas caminharam ao lado dos africanos, por lugares desconhecidos, inóspitos e incertos, sendo testemunhas fiéis a Cristo no meio de muitas provas.
Daniel Comboni escreverá:
“Dada à importância do meu Vicariato e vista a missão da mulher católica no século atual, estou orgulhoso de ter instituído em Verona a nova congregação das Piedosas Mães da Nigrícia, que se destaca entre as obras que fundei pela sua importância e pelos seus bons resultados” (Escritos n°4466)
Elas foram amigas, irmãs, conselheiras, mestras e, sobretudo mães. Na mútua solidariedade com os africanos elas encontraram alegria e felicidade, refúgio e sossego nas fadigas e dores, nos graves sofrimentos que algumas delas suportaram com heroísmo, amor e fidelidade à vocação que Deus lhe deu.
Já nos preparamos para celebrar 150 anos (1872-2022) de caminho percorrido pelos caminhos da África que nunca abandonamos embora alargando continuamente a nossa tenda algures: América, Ásia e Europa, sobretudo no cenário das migrações dos nossos tempos. Por ser Obra de Deus, essa se transforma segundo as novas culturas e as necessidades emergentes dos tempos e dos lugares.
Em clima jubilar iremos dando a conhecer o perfil de algumas Mães da África que nos precederam, e que ao longo de 150 anos caminharam e continuam a caminhar auxiliando os mais pobres e abandonados de hoje em constante transformação.
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